No final de fevereiro, entre 20 a 25, a Diretora Executiva do Podáali, Valeria Paye, participou do 3º Encontro Global de Fundos Liderados por Indígenas, em Mérida, capital de Yucatan, no México. O evento foi promovido pelo International Funders for Indigenous Peoples (IFIP), grupo global de afinidade de doadores dedicado a transformar a relação entre o mundo do financiamento e os povos indígenas. Além do Podáali, estavam presentes representantes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e do Fundo Indígena do Rio Negro (Firn), pertencente à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).

Durante o evento, a gestora do Podáali reforçou a importância da existência dos mecanismos próprios dos povos indígenas para facilitar o apoio financeiro aos nossos povos. Atender as iniciativas, planos de vida e projetos são alguns dos objetivos dos mecanismos indígenas destacados pela Diretora durante participação no evento internacional.

Fundos indígenas são uma experiência nova no Brasil. O Podáali e o FIRN são os únicos fundos indígenas, liderados por indígenas e com gestão indígena, presente no encontro. Com abrangência na Amazônia Brasileira, o Podáali é o primeiro fundo com amplitude regional no país. Recentemente criados, ambas as organizações lançaram suas primeiras chamadas de apoio aos povos, organizações e comunidades originárias para atender a região onde os fundos atuam.

O evento foi marcado pela troca de experiências, diálogos sobre financiamento e alinhamento com outros fundos indígenas. Além disso, as lideranças da Amazônia apresentaram ao mundo as experiências bem-sucedidas de mecanismo geridos e liderados totalmente por indígenas no país.

“Somos quatro diretoras, mulheres, que conduzem o fundo Podáali”, disse Paye. Durante a fala, a gestora recebeu palmas do público, que avaliou como positiva a experiência do Podáali. A Diretora Executiva ressaltou que gerir para atender e apoiar nossos povos na Amazônia precisa passar pelo reconhecimento das mulheres indígenas como boas gestoras na condução de organizações das populações originárias.

Valéria destacou a identidade e princípios indígenas como orientadores de toda a existência e ação dos Fundos liderados por indígenas. A prática de diálogo com aliados e parceiros em defesa dos povos indígenas foi um ponto destacado na fala de Paye. Para a liderança, é preciso construir um mecanismo indígena e que o apoiador esteja sensível às especificidades dos povos para que os recursos cheguem e gerem as mudanças desejadas pelos nossos parentes. “A nossa missão é para que, a partir do Podáali, nós possamos gerar a autodeterminação dos povos”, reforçou a gestora.

O Podáali demarca sua participação no diálogo internacional com outros fundos indígenas, com a presença, pela segunda vez, nas relações com fundos dos povos originários de todo o mundo. A partir da relação em rede, o Podáali foi acompanhado da representante do Firn, Josimara Oliveira (Gerente Financeira); e da Coiab, Toya Manchineri (Coordenador Geral).

“O Fundo do Rio Negro e o Fundo Podáali tem bastante direcionado o que querem para o financiamento para os povos indígenas. Daqui sairá uma equipe para definição das próximas reuniões dos fundos”, disse o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri.

Além dos fundos liderados por indígenas, o evento contou com a participação de vários doadores e financiadores. A Diretora Valéria aproveitou o momento para fazer um convite à construção coletiva de uma filantropia que reconheça as especificidades dos povos indígenas. Chegar aos territórios e às “bases”, como destacou Paye, somente é possível quando houver uma reflexão e superação sobre o excesso de burocracia para atender as populações originárias. Valéria reforçou ainda que o impacto positivo nos territórios e para toda a humanidade é o que precisa ser levado em consideração para uma filantropia engajada na ação e redução de danos sociais e ambientais.

📸 CRÉDITOS: Kamikia Kisedje @kamikiakisedje via @coiabamazonia

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