Na tarde de 19 de Abril, o Podáali participou da mesa Rede de resistência pela defesa do Bem Viver na Amazônia e contra as violações de direitos. O painel de debate compõe ações do Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização indígena brasileira ocorrida todos os anos. Valéria Paye, indígena Tiriyó/Kaxuyana e Diretora Executiva do Podáali, compôs a discussão junto com Gustavo Silveira (OPAN), Emerson Baré (DAJIRN) e Isac Ajuru (Condisi PVH), com mediação de Samara Pataxó, representando a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que promove o ATL.
Na edição de 2021 do ATL, que aconteceu online dado a crise sanitária pela qual passa o país, as organizações de base da APIB promoveram espaços de diálogo com seus parentes indígenas e com a sociedade. Na terceira semana do evento — que durará todo o mês de Abril — a COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) abriu suas atividades comemorando o 32° aniversário de luta da organização que atua na região amazônica.
“O Podáali é uma iniciativa dos povos Indígenas liderados pela COIAB”, destacou Paye ao iniciar sua fala. Além de apontar o Podáali como uma “soma” para a atuação em rede das organizações indígenas amazônicas, a fala da Diretora Executiva orientou para esclarecer os principais objetivos do Fundo Indígena. “O Podáali está sendo estruturado para servir o movimento indígena, no processo de captar recursos financeiros, intermediar e fazer as doações para apoiar as atividades dos povos Indígenas” ressaltou Valéria
A Diretora Executiva ainda reforçou que há pelo menos 20 anos o Podáali vem sendo pensado pelas lideranças amazônicas, com o protagonismo da COIAB no processo de implementação do Fundo. O nascimento do Podáali em janeiro de 2020 “demonstra a capacidade de resiliência do movimento indígena e da COIAB”, exclamou a representante da agência intermediária. De acordo com a gestora, criar o Fundo Indígena da Amazônia Brasileira aconteceu devido a dificuldade de acesso pelos povos indígenas a recursos não reembolsáveis “Apesar de ter os Artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988, que garantem os direitos indígenas, ao longo dos anos os dois instrumentos jurídicos não conseguiram tornar o acesso a direitos uma realidade” criticou Valéria.
Além de situar aos participantes da live a necessidade de uma organização como o Podáali e a função do novo mecanismo de apoio às comunidades indígenas, Paye também destacou o anseio para a diminuir as burocracias dos recursos captados para garantir maior acesso a políticas públicas pelos povos e organizações indígenas.
A fala da representante do Fundo foi encerrada reforçando a necessidade de reflexão em um dia de luta, “mas principalmente um dia de luto. Precisamos continuar juntos, mesmo com todo o desmonte das políticas públicas e do meio ambiente; precisamos continuar juntos, mas nos cuidando para podermos cuidar uns dos outros” finalizou Valéria.