Por: Valdeniza Vasques/ Comunicação da Coiab
Adaptação de texto: Ariene Susui
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e o Fundo Indígena da Amazônia Brasileira (Podáali) participaram da Conferência de Bonn sobre Mudanças Climáticas 2025, que aconteceu na Alemanha no mês de junho. Durante a agenda, as organizações entregaram a NDC indígena, formulada durante a Pré-COP Indígena, ao presidente da COP30, embaixador André Côrrea do Lago.
A Conferência de Bonn, ou 62ª Sessão dos Órgãos Subsidiários (SB62), é o encontro dos dois principais órgãos subsidiários permanentes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC): o Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico (SBSTA, na sigla em inglês) e o Órgão Subsidiário de Implementação (SBI, na sigla em inglês). Os órgãos dão subsídio técnico para a Conferência das Partes (COP) fornecendo informações científicas, dados e orientações sobre a implementação da Convenção e o Acordo de Paris.
No documento entregue ao presidente da COP30, estão reunidas as prioridades climáticas definidas por lideranças indígenas da Bacia Amazônica. São elas: o reconhecimento e proteção de todos os territórios indígenas como política e ação climática, em especial os territórios com presença de povos indígenas isolados e de recente contato; financiamento direto e autonomia financeira; representação e participação efetiva nos espaços de decisão climática; proteção dos defensores e defensoras indígenas; inclusão de sistemas de conhecimento indígena como estratégias de mitigação, adaptação e restauração ambiental; e estabelecimento dos territórios indígenas da Amazônia como áreas livres de atividades extrativas.
Financiamento climático direto
A diretora executiva do Podáali, Valéria Paye, participou de debates sobre a importância dos Fundos Indígenas e acesso ao financiamento direto, levando em consideração as suas governanças e mecanismos próprios já existentes.
“Nossa missão, enquanto Fundo Podáali, é unir nossas vozes para afirmar que a resposta somos nós. No entanto, é fundamental que os acordos firmados nas reuniões e conferências que tratam sobre o Clima, olhem para os povos indígenas como parte da solução e apoiem suas iniciativas de forma direta, flexível e desburocratizada. Os Fundos Indígenas já demonstram, na prática, que isso é possível: gerenciam recursos com responsabilidade e os distribuem de acordo com as realidades dos povos indígenas e de seus territórios — que estão entre os mais afetados pelas mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, são os que mais contribuem para o equilíbrio do clima. Nada mais justo do que garantir financiamento direto para esses povos,” declarou.
O Podáali participou da delegação da rede Coiab formada pela coordenadora-secretária da Coiab, Marciely Tupari; Valéria Paye, diretora executiva do Fundo Podáali; Gracinha Manchineri, gerente do Centro Amazônico de Formação Indígena (Cafi); a assessora internacional da Coiab, Alana Manchineri; e o cacique Ak Jabor Kayapó.