No Dia Internacional da Mulher, celebramos a força, a resistência e o protagonismo das mulheres indígenas na Amazônia. São elas que, com sabedoria ancestral e coragem imensurável, seguem na linha de frente na defesa de seus territórios, de suas culturas e da sociobiodiversidade, enfrentando desafios e transformando a realidade de suas comunidades.
As mulheres indígenas são fundamentais na luta contra as mudanças climáticas, e pela preservação da mãe terra. Elas são de vários povos, línguas e tradições, e carregam em si memórias vivas. São essas as mulheres que estão à frente de inúmeras iniciativas que garantem a soberania alimentar, proteção dos territórios, que protegem os recursos naturais e fortalecem suas organizações.
Apoiar iniciativas de mulheres é reconhecer o trabalho que elas exercem, muitas das vezes invisibilizadas, e incentivar para que cada vez mais elas possam ser fortalecidas em suas lideranças. O Podáali entende que valorizar e apoiar o protagonismo das mulheres é fundamental e por isso, as Chamadas gerais de apoio a iniciativas indígenas como foi o caso da 1ª e 2ª Chamada, às organizações de mulheres indígenas estão no grupo prioritário.
Ao todo, 28 iniciativas de organizações de mulheres dos 09 Estados da Amazônia Brasileira foram apoiadas na 1ª e 2ª Chamada do Podáali, e ainda, da modalidade Premiação, 4 coletivos de mulheres tiveram suas iniciativas premiadas e fortalecidas no âmbito da Premiação Xavante
Um dos exemplos de apoio a essas organizações foi a do Ropni Departamento de Mulheres do Instituto Raoni, localizado no Estado do Mato Grosso, apoiada na 2ª Chamada do Podáali. A iniciativa é denominada de “EmporderArte no fortalecimento da nossa luta, nossas vozes e nossa arte” na linha de Fortalecimento institucional e promoção de direitos, a proposta selecionada tem o objetivo de fortalecer a atuação das mulheres na tomada de decisões dentro dos seus territórios, e fortalecer a geração de renda através da comercialização do artesanato.

Osmarina Morimã
A coordenadora do departamento de mulheres Ropni, Osmarina Morimã, do povo Apiaka e Kayapó, contou que estavam no escritório do Instituto Raoni vendo a live da divulgação dos selecionados da 2ª chamada, quando ouviu o nome do departamento de mulheres Ropni sendo falado, elas contam que ficaram muito felizes e agradecidas, pois esse foi o primeiro projeto do departamento aprovado.
“O primeiro projeto que foi aprovado do departamento das mulheres Ropni, foi esse do Podáali, ficamos muito felizes e agradecidas, e hoje estamos aqui com o uso desse recurso, para fortalecer a atividade que a gente tem com as mulheres na cultura, dança e artesanato também”.
Outra iniciativa apoiada na 2ª chamada, foi o da Organização Wiriri Kuzá Wá (Mulheres Andorinhas), localizada no Estado do Maranhão. Na linha de Economia sustentável e soberania alimentar, a proposta tem o nome de “Ikyrymaw haw ma’e iapohaw ete kwehe har wanekohaw ma’e, izapoawer wà (Fortalecer as raízes originárias e as práticas culturais através dos artesanatos)”, visando fortalecer as mulheres por meio do artesanato, e no resgate das práticas ancestrais e das sementes.
A Coordenadora geral da Organização de Mulheres ( Wiriri Kuzà wà), Marisa Caragiu Viana Guajajara, do povo Guajajara, assistiu a live de divulgação emocionada e viu que tinham sido selecionadas e logo comunicou as demais mulheres. Ela nos relatou a importância do apoio para elas que estão buscando fortalecer as práticas culturais de seu povo.

Marisa Caragiu Viana Guajajara
“Então, o quanto é importante o apoio para nos fortalecer, fortalecer a nossa cultura e as práticas também culturais de nós mulheres indígenas. O recurso veio em boa hora! Até uns dois anos atrás, as mulheres que faziam artesanato eram poucas, mas agora dá-se para perceber que, falando de artesanato, dentro do próprio território as mulheres são protagonistas e esse apoio só veio a complementar, muito bom, para a gente fazer essa retomada do uso das sementes” destacou Marisa.
Marisa deixou uma mensagem para o Podáali para que continue apoiando as mulheres indígenas.
“Não deixe de apoiar mulheres indígenas, isso é de suma importância, pois nós também podemos e conseguimos, enquanto mulher indígena, podemos executar um projeto e fazer algo de benefício para o nosso território. Continuar contribuindo tanto no reflorestamento, coleta de sementes e, entre outras coisas, para o bem viver do nosso território e das nossas práticas culturais “, ressaltou Marisa.