A diretora executiva do Podáali, Valeria Paye, apresenta os fundos comunitários ao público que participou do 3º Encontro da Rede de Fundos Comunitários Amazônicos, em Belém. (Foto: divulgação)

A rede representa um conjunto de fundos ligados aos movimentos sociais da Amazônia. Atualmente reúne 7 fundos, dentre eles o Podáali, Fundo Indígena da Amazônia Brasileira.

Os ‘Diálogos Amazônicos’ deram voz aos que estão na linha de frente das ações para manter a floresta em pé, as águas limpas, as espécies preservadas e o equilíbrio ambiental: Os povos que vivem nas florestas. Neste domingo (6), representantes de sete fundos, que aportam recursos para projetos em que povos indígenas, quilombolas, mulheres extrativistas, e comunidades tradicionais tenham autonomia para continuar em seus territórios desenvolvendo atividades que ajudam a manter a floresta em pé  e, consequentemente, a combater o desequilíbrio climático do planeta, realizaram o 3० Encontro da Rede de Fundos Comunitários Amazônicos. 

A Rede de Fundos Comunitários da Amazônia integra sete fundos que estiveram representados no encontro ( Fundo Dema, Podáali, Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN), Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo, Fundo Mizzi Dudu, Fundo Puxirum e Fundo Babaçu). 

Destes sete mecanismos da Rede, dois foram criados fazer o recurso chegar no chão da aldeia, são os Fundos Indígenas. o Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN), que atua nas cidades de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas e o Podáali, Fundo Indígena da Amazônia Brasileira, que atua em 9 estados da Amazônia e no Mato Grosso.

 

“Esses mecanismos não são fundos para ou com, mas fundos dos movimentos sociais da Amazônia. O Podáali é fruto do Movimento Indígena e foi criado por meio de um amplo  diálogo dentro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Fundado em janeiro de 2020, o fundo realizou a primeira chamada em dezembro de 2022, contemplando 32 projetos de organizações, comunidades e povos indígenas, nos nove Estados da Amazônia Brasileira”, explicou Valeria Paye, diretora executiva do Podáali no encontro.

 

Carta da rede de Fundos comunitários pela Autonomia da Amazônia

A Carta apresentada pela Rede de Fundos Comunitários Amazônicos deverá se somar aos outros documentos produzidos durante o ‘Diálogos Amazônicos’. ( Foto Divulgação)

Na ocasião, os representantes dos fundos que estiveram no encontro apresentaram uma carta, onde reafirmam que os povos das florestas precisam destas ferramentas para garantir sua autonomia. Visto que os fundos comunitários se adequam à realidade destas populações. Diferentemente de outras fontes de financiamento, como bancos que impõe regras para aportar recursos, com cláusulas contratuais menos flexíveis, cujo acesso fica impossibilitado para estas populações.

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A Rede de Fundos Comunitários

Além dos fundos indígenas, outros mecanismos de apoio aos povos da floresta participam da Rede de Fundos Comunitários Amazônicos, como:  O Fundo Quilombola Mizizi Dudu – que apoia às populações quilombolas no Pará; O Fundo Autónomo de Mulheres Rurais da Amazônia “Luzia Dorothy do Espírito Santo” – que apoia à produção familiar agroecológica e de articulações políticas coletivas de mulheres, no Pará; O Fundo Puxirum dos Extrativistas da Amazônia Brasileira – voltado ao apoio de populações extrativistas localizadas em Resex, RDSs, PAEs e PDSs, na Amazônia; O Fundo Babaçu – que apoia às mulheres quebradeiras de coco, nos estados do Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins e o Fundo Dema, o mais antigo e referência para os outros, que atua no Pará, Maranhão e Mato Grosso, apoiando iniciativas comunitárias de povos da floresta. 

Os fundos comunitários que atuam na Amazônia estão se conhecendo, se reconhecendo e se organizando em rede, neste contexto há os que  fundos estão em fase de criação e implementação, mas podem ser operacionais em curto prazo por meio de parcerias e incubadoras. A rede identificou outros 11 mecanismos que possuem perfil semelhante e potencial para integrar o grupo.

“Hoje a rede de fundos comunitários da Amazônia é composta por fundos que já estão consolidados e realizaram as primeiras chamadas e/ou outras modalidades de doação e outros que ainda estão em processo de construção, por isso que é importante que estejamos todos em diálogo para conhecer os nossos desafios e reconhecer as nossas semelhanças. Ampliar este diálogos com outros movimentos sociais de outras regiões e países é fundamental para nosso fortalecimento”, observa Valeria Paye, diretora executiva do Podáali, Fundo Indígena da Amazônia Brasileira.

Recém criada, a Rede de Fundos quer fortalecer estes mecanismos que se solidarizam com os movimentos de luta e resistência das mulheres, extrativistas, indígenas, quilombolas, e das populações tradicionais do Norte e Nordeste do país.

“Queremos reivindicar a nossa existência para que reconheçam a nossa importância no combate às ilegalidades ambientais, pois somos nós que estamos nos territórios combatendo e enfrentando as empresas que cometem as ilegalidades “, observou Graça Costa gestora do Fundo Dema.