Durante dois dias de reunião (21 e 22/06), lideranças indígenas da Amazônia participaram da 5ª reunião do Conselho Deliberativo do Podáali. A instância de deliberação e decisão do Fundo reuniu os representantes dos estados da Amazônia para discutir e decidir sobre temas de relevância da organização. Manual Administrativo e Financeiro, Plano de Ação 2022 e 2023, além de balanço das atividades realizadas e preparação do Fundo para a I Chamada de Apoio foram alguns dos temas com os quais as lideranças dialogaram para tomada de decisões. A atividade aconteceu na modalidade semipresencial, com lideranças em Brasília e de forma virtual.

Estavam presentes os representantes dos estados do Tocantins, Mato Grosso, Roraima, além das representações da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB). Na modalidade virtual, marcaram presença os representantes de Rondônia, Acre e Amapá. A Diretoria Executiva, composta por quatro mulheres indígenas, a assessoria jurídica e o técnico em comunicação também participaram da reunião na capital federal. 

 

“O nosso fundo precisa ser usado de forma positiva; é para nós!”, disse Nara Baré (COIAB), abrindo os trabalhos no primeiro dia de reunião. A presidente do Conselho aproveitou para destacar que o fundo está construindo de forma muito consistente os documentos internos: “é um mérito de todos nós”, parabenizou Nara os demais Conselho. 

 

Durante a reunião, Rosimere Teles, do povo Arapaço, se posicionou reconhecendo os aprendizados que tem adquirido enquanto membro do Conselho. “Eu tenho me sentido parte das construções enquanto cadeira da UMIAB e o Conselho tem se esforçado para construção do processo estruturante”. 

 

Após apresentação dos avanços do Fundo, os Conselheiros comemoraram as conquistas. “Temos que reconhecer o avanço da equipe. Temos que pensar em avançar e o conselho precisa somar e fortalecer as ações”, frizou Ariabo Quezo, do povo Balatiponé e representante do estado do Mato Grosso. 

 

Um dos temas abordados durante a reunião foi a ocupação da nova sede do Fundo. Durante quase dois anos o Podáali esteve sediado em uma sala da COIAB e com o fortalecimento institucional, a Diretoria Executiva e equipe agora atuam em um espaço mais amplo e adequado às necessidades do Fundo Indígena. “É importante sair das responsabilidades do pai e da mãe e é mais importante ainda sair da COIAB com todas as prestações de contas bem feitas”, disse Rosimere Arapaço. 

 

Finalizada a reunião, os conselheiros presentes na capital federal partiram para agenda com demais lideranças em Brasília. “Temos nos mobilizado nas bases contra o Marco Temporal e mesmo assim fizemos um esforço para estar aqui”, disse o representante de Roraima, Marcello Makuxi, após reconhecer os esforços do Conselho para as deliberações na reunião mesmo em um período de acirrado ataque aos direitos indígenas.  

 

Mobilização contra o Marco Temporal

Na tarde do dia 23, após cumprir agenda do Podáali em Brasília, as lideranças se juntaram a outros parentes de todo Brasil para ato na frente do Supremo Tribunal Federal (STF). A atividade aconteceu após chamado da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) para o DIA D: dia de mobilização para pressionar o julgamento do Marco Temporal. 

 

Com a retirada do julgamento do Marco Temporal da pauta do STF, as organizações de base estiveram mobilizadas em seus territórios e nas cidades, para defender a demarcação das terras indígenas e contra a política anti-indígena do Estado Brasileiro. Em Brasília, 200 lideranças – de acordo com dados da APIB – já estavam com agenda marcada para se reunir e realizar o ato, mesmo com decisão do STF de adiar a votação. 

 

 

Marcello Makuxi, Conselheiro do Podáali por Roraima e Coordenador Geral da Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos (APITSM) alertou que “o julgamento do Marco Temporal precisa ser encerrado em favor dos povos indígenas, porque estamos sendo atacados e a tese ameaça todos os indígenas do Brasil”. 

 

Durante o ato, apoiadores da causa indígena e defensores dos Direitos Humanos e Ambientais cobraram justiça pelos atos que resultaram na morte do jornalista Dom Phillips e do indigenista e servidor da FUNAI Bruno Pereira. A liderança Ariabo Quezo, Conselheiro do Podáali pelo Mato Grosso e um dos Diretores da Federação das Organizações Indígenas do Estado do Mato Grosso (FEPOIMT), reconheceu que a morte dos apoiadores do movimento indígena é resultado do enfraquecimento da FUNAI. “O enfraquecimento da Funai traz insegurança a todos e principalmente aos povos indígenas, aos caciques e lideranças que há muito tempo vêm debatendo e defendendo o nosso território”. 

 

Com a presença das lideranças em frente ao STF, os parentes realizaram ritual e ergueram faixas durante a circulação na praça dos Três Poderes. Maracás davam som aos pedidos de justiça e contra Bolsonaro e Marcelo Xavier – presidente da FUNAI.

 

Veja mais detalhes da 5ª Reunião do Conselho Deliberativo e do ato contra o Marco Temporal na galeria abaixo:

 

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