Painel reuniu representantes de fundos indígenas do México, Indonésia, Brasil e da Mesoamérica na programação da Semana Climática de Los Pueblos Indígenas y Comunidades Locales de Mesoamérica, no Panamá.

 

Durante quatro dias, povos indígenas da mesoamérica – região que abrange parte do México até o Panamá – juntamente com representantes dos povos indígenas de diversas regiões do globo promovem um grande debate sobre a importância do protagonismo indígena na preservação ambiental e no enfrentamento da crise climática mundial.

 

O encontro está sendo organizado pela Alianza Mesoamericana de Pueblos y Bosques (AMPB) e acontece na cidade do Panamá de 13 a 16 de junho. Dentro da extensa programação, um dos painéis, abordou a importância dos fundos de apoio aos povos indígenas, que na prática são mecanismos que fazem com que recurso chegue na ponta ou, como se diz no ‘chão da aldeia’. 

 

O Fundo Indígena da Amazônia Brasileira, por meio da diretora executiva Valéria Paye, dividiu experiências com Artemisa Felix -, representante do Fondo Acción Solidaria (FASOL), que atua no México – Dewi Kartika, do recém criado Fundo Nusantara, da Indonésia e Maria Pia Hernandez, do Fondo Territorial Mesoamericano (FMT).

 

“A partir de processos como este, a gente identifica muita semelhança entre nós. Estamos distantes geograficamente, mas os desafios são os mesmos e eu posso citar um dos principais que é contribuir para o respeito dos direitos indígenas e fortalecimento das formas próprias de organização social e plano de vida de cada povo”, destacou Valéria Paye no diálogo.   

 

Protagonismo indígena é fundamental para preservação ambiental

 

A participação dos povos indígenas como protagonistas no enfrentamento à crise climática mundial é unanimidade dentre todos os participantes do encontro, que reúne além dos representantes dos diversos povos indígenas ao redor do mundo, agentes do governo de países que integram a região da Mesoamérica e representantes de organizações que atuam no eixo sócio ambiental.

 

O Podáali compartilhou que a concretização do fundo demandou mais de 11 anos, desde as primeiras iniciativas – reflexões que vieram de muitas conversas e encontros entre as lideranças – até o lançamento da primeira chamada, ‘Amazônia Indígena Resiste’, que aconteceu em abril deste ano, na tenda da Coiab durante o Acampamento Terra Livre, em Brasília.

 

“O nome Podáali é um nome doado por um povo indígena do Amazonas, os Baniwa, que significa principalmente reciprocidade e não podia ser diferente, visto que o Podáali é para nós um processo de construção feito por indígenas, para indígenas e com gestão indígena. Resultado de muita conversa e construído com muita responsabilidade”, explicou a diretora executiva do fundo. 

 

O diálogo sobre a importância de fundos que dêem esse suporte às comunidades também incluiu vozes que estão na outra ponta, os representantes das organizações e dos povos indígenas como Maricela Fernandez liderança indígena da Costa Rica, que fundou o movimento Cabécar Kabáta Konana. 

 

A ativista ratificou a importância de empoderar os próprios povos que estão nos territórios e comunidades para que assim, os indígenas tenham acesso aos recursos e capacitação para a implantação de projetos de manejo sustentável.

 

Viabilizar caminhos para que os povos indígenas possam implementar projetos sustentáveis passa por questões como a defesa do território, o acesso aos recursos, economia sustentável e soberania alimentar, entre outros.

 

“A gente fala que nosso território não é só onde está grifado no mapa, mas onde estão nossos corpos, inclusive nas cidades e comunidades indígenas urbanas”, observou Valéria Paye.

 

Crise climática global

 

A Semana Climática de Los Pueblos Indígenas Y Comunidades Locales de Mesoamérica 2023 traz o tema “ Soluções climáticas ancestrais indígenas e comunitárias para um futuro sustentável” e acontece até a próxima sexta-feira, no hotel El Panamá, na cidade do Panamá, no formato presencial e virtual.

 

A Alianza Mesoamericana de Pueblos y Bosques (AMPB) é um espaço de coordenação e intercâmbio de lideranças que vivem nas florestas da região. Eles têm a gestão de 24% das florestas que são fundamentais para a conservação da biodiversidade. Além disso, hospedam 26% do total de carbono armazenado pelo conjunto de países que estão na mesoamérica, o que equivale a um total de 3,6 milhões de toneladas. 

 

As florestas mesoamericanas representam 8% da biodiversidade mundial e, apesar de ocuparem apenas 0,5% da superfície terrestre abrigam mais 5 de milhões de pessoas de mais de 60 grupos étnicos e linguísticos, cujos meios de vida dependem na sua maior parte do recursos naturais da região.

 

Todos os painéis estão sendo transmitidos ao vivo. Nesta página, você tem acesso aos links  com as programação dos temas das conversas.

 



Crédito Foto: ABMP

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