Na manhã do dia 14, a Vice-diretora do Podáali, Rose Apurinã, participou do lançamento do relatório “Financiamento com Propósito”, publicado pela Rainforest Foundation Norway e Rights and Resources Initiative. A atividade online aconteceu com a participação de povos indígenas do Brasil, Congo e Indonésia, representando a América, África e Ásia, onde há florestas tropicais. As pesquisas desenvolvidas pela Rainforest Foundation Norway têm sido em defesa das Florestas Tropicais e contra a mudança climática. Nas últimas edições há a demonstração de que os povos indígenas atuam para garantir as florestas protegidas. Os relatórios também concordam que há consenso entre os indígenas sobre a necessidade de maior financiamento às iniciativas dos povos. “O dinheiro ainda não está chegando nos Territórios Indígenas (TI’s). Temos uma oportunidade crítica de refletir sobre isso”, disse Kevin Currey um dos idealizadores da pesquisa.
Rose iniciou falando da sua região no Sul do Amazonas e abordou dados sobre os riscos às populações indígenas na Amazônia. “A maior floresta tropical do planeta, e nossas terras indígenas, estão cada vez mais ameaçadas pelo desmatamento e pela cobiça de madeireiros, garimpeiros, pecuaristas e investidores do agronegócio.”, disse. Rose ainda fez fala apontando dados sobre os impactos negativos causados na Floresta Amazônica e destacou o apoio às iniciativas indígenas como solução para diminuir os problemas climáticos causados nas florestas tropicais.
A Vice-Diretora do Podáali ressaltou que muitas regiões na Amazônia são de difícil acesso e as políticas públicas raramente chegam até as populações mais afastadas. A gestora aproveitou para destacar a contribuição dos povos indígenas para o equilíbrio climático. “Apesar dos povos indígenas comporem apenas 5% da população mundial, eles protegem 80% da biodiversidade do planeta, reforçando ainda a importância de que quem queira de fato se somar a luta dos povos indígenas precisa estabelecer uma relação de confiança e credibilidade”, frisou.
Diante da enorme contribuição dos povos indígena à humanidade, a Diretora ainda alertou: “É urgente que os apoios cheguem de forma mais efetiva aos povos indígenas e comunidades locais. Nós sabemos o que queremos e quais são nossas prioridades e já provamos para o mundo que nossas estratégias de combate às mudanças climáticas são as que mais tem alcançado resultados positivos ”, declarou a Diretora apontando o Podáali como uma estratégica para “aumentar os apoios diretos a povos indígenas”.
Torbjorn Gjefsen – Assessor Sênior de Políticas e Clima da Rainforest Foundation Norway – e Bryson Ogden – Diretor de Iniciativa de Direitos e Recursos e Meios de Vida Rainforest Foundation Norway – compartilharam a discussão junto com a representante do Podáali. A dupla apresentou resultados resumidos da pesquisa.
Além de Rose Apurinã, Patrick Saidi, líder da Dinâmica de Grupos de Povos Indígenas (DGPA) na República Democrática do Congo, e Rukka Sombolinggi, Secretária Geral da Aliança dos Povos Indígenas do Arquipélago (AMAN) e indígena do povo Torajan, da Ilha de Sulawesi, na Indonésia, também fizeram falas no lançamento do relatório. “As pessoas sempre questionam se temos de fato capacidades para lidar com a gestão financeira. Essa é uma das principais lacunas para receber os financiamentos: a insegurança sobre as nossas capacidades”, disse Rukka.
A representante da AMAN falou que atender todos os requisitos dos doadores para receber recursos “é levar os povos indígenas a uma catástrofe”. Segundo a liderança, os indígenas deixariam de ser defensores das florestas para serem gestores de recursos, o que mudaria o hábito das práticas tradicionais.
Os representantes dos países aproveitaram para deixar uma mensagem aos doadores internacionais. As falas reforçaram a necessidade de alianças para enfrentamento de um problema comum a todos e a importância de confiar nas organizações indígenas como instrumentos para a superação da mudança climática.
Mais informações sobre o lançamento do relatório e os dados da pesquisa podem ser acessados em: Menos de um quinto do financiamento climático destinado a povos indígenas e comunidades locais chega até eles