Durantes os últimos dois dias (23 e 24 de maio), dez integrantes do conselho orientador estiveram reunidos com a diretoria executiva e equipe técnica do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira, em Manaus.

O encontro marca a primeira reunião do conselho e contou com a participação de dez, dos 19 conselheiros que compõe o time de especialistas em diversas áreas como financiamento; gestão de organizações não governamentais; gestão de projetos socioambientais; movimentos sociais indígenas e comunicação estratégica

Participaram das atividades Adriana Ramos, Alana Manchineri, Andreia Bavaresco, Antônio Dimas Galvão, Aurélio Vianna Júnior, Hélcio Marcelo de Souza, Francisco Guenter Loebens, Maria Paula Fernandes, Conrado Rodrigo Octávio, Denise Fajardo – representando o Conselho Orientador- Valéria Paye, Cláudia Soares Baré e Rose Meire Aripuanã – representando a Diretoria Executiva do Podáali – e Luciano Moura, Yanna Barbosa, Daniela Lopes e Sarah Farias – representando a equipe técnica do Podáali.

“Este espaço para trazer caminhos junto com o Conselho Orientador é um exercício importante. Estamos aqui para pensar este espaço de colaboração na perspectiva de fortalecer a musculatura das organizações e iniciativas dos povos indígenas que já existem”, observou a diretora executiva do Podáali, Valéria Paye, durante o primeiro dia do encontro.

Na ocasião, a diretoria executiva relembrou a longa e firme caminhada até a concretização do fundo e lançamento da primeira chamada ‘Amazônia Indígena Resiste’, em dezembro do ano passado.

Afinal, a ideia de criar um mecanismo próprio dos povos indígenas para apoiar projetos de sustentabilidade que garantam a autonomia dos indígenas estava na pauta de reivindicações do movimento indígena há muitos anos.

Neste contexto, o Podáali é uma conquista do Movimento Indígena Amazônico, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e de seus parceiros na busca pela proteção, conservação territorial e biodiversidade das terras indígenas da Amazônia.

A ideia de caminhar junto e construir em conjunto ou parcerias sempre esteve no DNA do Podáali, por isso a troca que permeou o encontro foi extremamente positiva para orientar os próximos passos do fundo na construção de metas tão ambiciosas.

“O Podáali preza muito por isso, por ouvir vocês. Estamos juntos nesta caminhada, a gente acredita nesta construção junto com vocês”, pontuou a vice-diretora executiva Rose Meire Apurinã.

Todos os integrantes do Conselho Orientador foram indicados pelos membros do Conselho Deliberativo. Os conselheiros que participaram do encontro puderam compartilhar observações, tirar dúvidas sobre a dinâmica a respeito dos contratos e parcerias estabelecidas até o momento e, principalmente, dar contribuições com pareceres técnicos nas diversas áreas em que atuam.

Para Aurélio Viana, que atualmente trabalha no fundo sueco Tenure Facility – uma organização parceira – o Podáali demonstrou que o movimento indígena está na frente de outros movimentos sociais.

“Conhecendo o que vocês do Fundo estão colocando aqui eu percebo que a questão indígena está muito avançada.”, comentou Aurélio Viana.

Estar mais consolidado pode ser considerada uma vantagem, contudo os desafios são muitos e alguns conselheiros contribuíram com observações que envolvem o cenário político atual, que apesar de mais favorável ainda é instável.

“As contradições que já estão surgindo dentro do próprio governo é um fato que me preocupa. Quem a gente achava que era aliado, começa a se posicionar contra questões ambientais como mostra o debate sobre a exploração do petróleo na foz do Rio Amazonas”, ponderou Denise Fajardo.

 

Desafios são proporcionais as metas do Podáali

 

O diálogo proporcionou muitos elogios a trajetória do Podáali, mas como a própria nomenclatura do cargo permite foram os conselhos relacionados aos obstáculos e desafios que servem como alerta para a condução dos trabalhos da diretoria executiva e equipe técnica do fundo.

Dimas Galvão, que está na equipe do CESE – uma organização ecumênica que administra um pequeno fundo – trouxe para o cerne do debate a questão de que “este é o momento do movimento indígena dialogar com os outros fundos, no sentido de conhecer os outros mecanismos de financiamento e ficar atento as regras para não ter problemas na execução dos projetos”.

Muitos outros desafios foram mencionados como, por exemplo, o fato de que o Podáali, a longo prazo, deveria ter condições de se manter com recursos próprios. Observação feita pela conselheira Andréia Baravesco, do Instituto de Educação do Brasil.

Outros desafios, podem ser considerados mais fáceis e deveriam ser vencidos em um prazo mais curto. Dentre eles o mais relevante, que foi observado por vários conselheiros – Alana Manchiere, Conrado Octávio, Adriana Ramos e Helcio de Souza – diz respeito a própria equipe do Podáali que deveria ganhar reforços tendo em vista a grande demanda de trabalho.

De maneira geral o encontro foi extremamente produtivo, a diretora secretária do Podáali Cláudia Soares Baré solicitou que os conselheiros formalizassem contribuições e enviassem à equipe para o aperfeiçoamento das estratégias.

 

 

📸 créditos : Vicente Taveira

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